Máfia dos ingressos: PL defende maior transparência nas negociações do futebol

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O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) vai apresentar no plenário nesta segunda-feira (14/7) um Projeto de Lei (PL) visando maior transparência na execução dos campeonatos mundiais de Futebol no Brasil. A iniciativa do senador veio após os escândalos da máfia dos ingressos da Copa do Mundo, que teve como protagonista a multinacional Match Hospitalyti, empresa parceira da Fifa, envolvida na venda ilícita de entradas para o Mundial no mercado negro internacional. O executivo da Macht, Raymont Whelan, indiciado pelos crimes de cambismo e formação de quadrilha, continua foragido. Na semana passada, o Senado aprovou o parecer de Alvaro Dias pedindo a rejeição da Leia Geral da Copa, que concede isenção do ISS à FIFA em eventos relacionados ao Mundial de 2014.

Em seu relatório, o senador alegou que “a poderosa entidade do futebol” não precisa dos recursos, enquanto os municípios seriam prejudicados com esta isenção de impostos. Alvaro Dias considera inconstitucional a Lei Geral da Copa. “A FIFA, que sairá do Brasil com um lucro fantástico de mais de US$ 5 bilhões, vem aqui e afronta a nossa legislação, estraçalha nossa Constituição. (…) Entre ficar com a poderosa FIFA e a Constituição do Brasil, ficamos com a nossa Constituição”, afirmou Dias no seu discurso no Plenário, apoiado por senadores de diversos outros partidos.

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No sábado passado (12), o Jornal do Brasil publicou em primeira mão que o Ministério Público do Rio de Janeiro teve acesso a um contrato repassado por Henrique Byron, um dos sócios da Match, justificando os US$ 120 mil dos US$ 600 mil que a Justiça investiga em relação à máfia dos ingressos. A empresa, que também tem como sócio Phillip Blatter, sobrinho do presidente da Fifa, Joseph Blatter, chegou a negociar a apresentação do seu diretor Raymond Whelan, foragido desde quinta (10), mas até o momento não revelou o paradeiro de Whelan.

Pelas avaliações preliminares do promotor responsável pelo caso, Marcos Kac, o grupo trabalhava com o refugo dos ingressos e destinava cerca de 30% desse total para a venda oficial, para não chamar a atenção da polícia. “Apenas 30% dos ingressos da Copa são repassados pelo sistema de vendas oficial, enquanto o restante seria negociado no mercado negro – no caso do Mundial deste ano por intermédio de uma quadrilha sob o comando de Lamine Fofana”, explicou o promotor. De acordo com Kac, o contrato foi assinado no mês de março e cita o nome do franco-argelino Mohamed Lamíne Fofana, preso no dia 1º de julho. O documento aponta a compra de US$ 120 mil em ingressos e está sendo analisado pela justiça quanto a sua legitimidade, já que se assemelha a uma carta de intenção. Como os ingressos da Copa, principalmente nas fases finais, abrem dúvidas sobre as seleções participantes, os negócios seriam fechados em cima da hora.

Na opinião do promotor Marcos Kac, tão importante quanto prender o inglês Raymond Whelan é avaliar as negociações da Fifa com a Match com efeito em território brasileiro. O Jornal do Brasil também revelou na semana passada o Relatório Financeiro da Match referente ao ano de 2012, que detalha um empréstimo da Fifa para a empresa, no valor de US$ 10 mil, sem cobrança de juros e a ser totalmente pago até 2015, a ser empregado na hospitalidade da Copa no Brasil. Kac acredita que contratos dessa natureza deveriam ser avaliados em conformidade com a Lei de Evasão de Divisas. A Federação de futebol, no entanto, ganhou imunidade em diversas questões tributárias e judiciais com a Lei Geral da Copa. A Match tem como sócia os dois irmãos mexicanos Jaime e Henrique Byrom, donos da Byrom PLCE, além de Phillippe Blatter, que detém 5% das ações da Match Hospitalyti.

O esquema de corrupção na venda de ingressos para os últimos Mundiais no mercado negro internacional, envolvendo a Fifa, a Comissão Brasileira de Futebol (CBF) e a empresa Match, foi revelado ao Jornal do Brasil uma semana antes da Copa ter início no país, pelo jornalista e escritor britânico Andrew Jennings, que tem uma grande investigação sobre o caso em diversos países. Jeenings é autor dos livros “Um Jogo Sujo” e “Um Jogo cada vez mais Sujo”, que revela detalhes do envolvimento da Fifa no esquema internacional de cambismo, que tem como uma das bases o relatório do senador Alvaro Dias para a CPI da CBF, apresentado nos anos de 2000 e 2001.

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A reportagem especial foi publicada no dia 2 de junho, com o título Os bastidores da Fifa nas vendas de ingressos para a Copa no mercado negro. Jennings foi convidado no sábado passado (12) pelo promotor Marcos Kac para contribuir com as investigações no MPE do Rio. O encontro entre promotor e jornalista foi agendado para o próximo mês, em São Paulo.

Segundo Jennings, Ray Whelan conhece de forma profunda a máfia dos ingressos. “A polícia precisa saber que ele é a melhor testemunha para se chegar ao esquema de corrupção da Fifa”, garantiu o jornalista ao Jornal do Brasil no dia 8 de junho, quando o executivo da Match foi detido pelo policiais da 18a. DP (Praça da Bandeira), responsável pelo caso. “Ele [Ray Whelan] negocia há 25 anos os ingressos dos Byroms. Diga aos policiais que ele é o melhor testemunho que jamais poderia chegar ao topo de corrupção da FIFA. Ou será que ele quer gastar os próximos anos em Bangu?”, ironizou o jornalista inglês. “Seus policiais vão ser heróis no mundo”, complementou.

A máfia dos ingressos também traz à tona outro caso que ocorreu há dois meses e que até agora não teve desfecho: um sargento do Corpo de Bombeiros foi flagrado vendendo ingressos para a Copa mas, até agora, o inquérito está parado.

Via Jornal do Brasil 

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