Brasil: ciclone Yakecan deve provocar ventos de até 110 km/h no Sul

 

O ciclone Yakecan alcança hoje a costa do Rio Grande do Sul e vai trazer vento muito forte a intenso que localmente pode ser extremamente forte em pontos do Leste gaúcho com rajadas perto e acima de 100 km/h em grande parte da costa e da área da Lagoa dos Patos e entorno, mas que em algumas localidades podem exceder 120 km/h (força de furacão). A tempestade marítima ainda deve trazer chuva que no Leste gaúcho por vezes será forte e até torrencial em diversas cidades durante a passagem do ciclone. Uma vez que o sistema deverá se deslocar muito rapidamente pela costa, menos de doze horas entre a sua aproximação pelo Sul gaúcho e distanciamento pelo Norte, os acumulados de precipitação não deverão ser extremos na maior parte das cidades do Leste gaúcho. Mesmo assim haverá pontos com 50 mm a 100 mm.

 

O ciclone é classificado como subtropical (centro quente em superfície em superfície e frio em altitude) pela Marinha do Brasil. Uma vez que se trata de um ciclone anômalo (subtropical ou tropical), e não o convencional e frequente extratropical, que não é nomeado, o sistema recebe o nome de Yakecan, o “som do céu” na língua tupi-guarani. Já a Meteorologia nos Estados Unidos e experts internacionais entendem que o sistema na costa gaúcha será potencialmente um ciclone tropical (centro quente). A MetSul entende que o sistema na costa será inicialmente subtropical e ganhará características tropicais. Considerando as projeções de vento sustentado, que definem o subtipo de ciclone tropical, a tendência é de uma forte tempestade tropical na costa gaúcha e que poderá trazer rajadas de vento com força de furacão (acima de 120 km/h), embora não seja um furacão.

 

A atuação deste ciclone ocorre sob a influência de uma massa de ar frio e a ocorrência de vento forte e chuva e a baixa temperatura vão trazer sensação térmica muito baixa e desconfortável para quem estiver na rua. Valores de sensação térmica negativa devem ser esperados na Serra e Aparados da Serra, além do Planalto Sul Catarinense.

 

O QUE ESSE CICLONE TEM DE DIFERENTE

 

Vento forte a intenso por ciclone nos meses frios do ano não é novidade alguma e ocorre todos os danos e várias vezes. São os ciclones extratropicais que, em regra, se formam nos litorais da Argentina e Uruguai. Este ciclone é diferente por três motivos: trajetória, intensidade e a sua natureza. Primeiro, ciclones na nossa região se deslocam de Oeste para Leste, mas este fará o caminho contrário de Leste para Oeste, ou seja, do oceano para o continente. Mais, este ciclone vai margear o litoral gaúcho de Sul a Norte, eventualmente tocando terra entre Rio Grande e Mostardas, o que igualmente escapa muito ao que costuma se observar. Segundo, é muito intenso. Quanto menor a pressão no centro da tempestade, mais forte será. A pressão no centro de Yakecan na costa gaúcha estará ao redor de 985 hPa a 990 hPa, o que quase nunca se observa nas latitudes do território gaúcho junto ao litoral. Os modelos chegaram a indicar nos últimos dias pressão tão excepcionalmente baixa quanto 972 hPa na orla, logo pressão mais perto de 990 hPa como a projetada nas saídas dos modelos madrugada desta terça é ainda incomum e muitíssimo baixa, com alto potencial de trazer transtornos, mas é um cenário muito melhor que sob pressão junto ao litoral inferior a 980 hPa, como dados chegaram a mostrar.

 

Terceiro, a natureza deste sistema foge ao habitual por ser subtropical ou tropical. Somente três ciclones subtropicais ou tropicais avançaram tão rente à costa como este neste século: furacão Catarina (2004), tempestade tropical Anita (2010) e tempestade tropical Raoni (2021). A QUANTO O VENTO PODE CHEGAR Grande parte do interior gaúcho terá vento de 50 km/h a 60 km/h, mas o Sul e o Leste do Rio Grande do Sul devem ter vento muito forte a intenso com rajadas perto ou acima de 100 km/h em toda a faixa costeira do Sul ao Norte assim como na região da Lagoa dos Patos, as áreas que serão as mais afetadas por Yakecan entre hoje e amanhã. O vento, em média, no Sul e no Leste gaúcho deve atingir 80 km/h a 100 km/h, mas vários pontos devem ter rajadas de 100 km/h a 120 km/h com risco de marcas isoladas na Lagoa dos Patos e na costa de até 130 km/h ou 140 km/h. A região de Mostardas a Palmares do Sul e Cidreira deve ser a com vento mais intenso, com força de furacão em alguns momentos. Esta região entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico que vai de Rio Grande à área de Palmares do Sul, Quintão, Pinhal e Cidreira deve ser a mais castigada por vento com rajadas com força de furacão (acima de 120 km/h em alguns momentos).

 

 

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