Tribuna do Norte: Julho é mês de fé, alegria e Festa de Sant’Ana

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O mês de julho traz consigo um significado especial para os católicos potiguares, em especial à população seridoense. Devotos de Nossa Senhora de Sant’Ana celebram a fé professada à santa em cerimônias religiosas e festejos culturais ao longo de dez dias. O apogeu da Festa de Sant’Ana, uma das manifestações cristãs mais tradicionais do Brasil, é na cidade de Caicó, onde é tida como padroeira, e que tem a sua importância reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil, título conferido pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2010.

Reza a lenda popular que um sertanejo, em meio a uma grande seca que pairava sobre o povoado onde viria a ser a cidade de Caicó, procurava água para seu  rebanho quando se deparou com um touro bravo. Desesperado, ele fez uma prece à Nossa Senhora de Sant’Ana para que o animal não o atacasse. Alcançada a graça, o sertanejo prometeu construir uma capela em homenagem à santa, nas margens do Rio Seridó. Mas como era período de estiagem, a única fonte de água que restava era um poço localizado próximo ao rio, cujas águas ameaçavam esvair-se. Um novo voto à Sant’Ana foi rogado para que o poço não secasse antes da construção da capela, o que teria ocorrido.

A partir disso, o povo seridoense criou fortes laços de devoção, ao realizar cerimônias e festejos em homenagem à santa. Essa tradição remonta há mais de 260 anos. As celebrações têm início no mês de abril, com a visita das imagens peregrinas nos lares dos devotos na zona rural ao longo de 15 sábados. Em junho, católicos que residem na zona urbana abrem as portas de suas casas para receber a santa. A romaria se encerra na quarta-feira que antecede o dia de Sant’Ana, quando as imagens recepcionam a Caravana de Peregrinos Ilton Pacheco na Catedral de Sant’Ana, no Centro de Caicó.

A partir da quinta-feira seguinte, têm início a programação religiosa e cultural da Festa de Sant’Ana, que se estende até o domingo posterior. Em 2016, a festa tem como tema “Sede misericordiosos, como o Pai do céu é misericordioso”. Segundo o pároco de Sant’Ana, Padre Alcivan Gomes, este é um momento em que todo o Seridó se mobiliza em torno das celebrações. “O povo sertanejo em si é muito religioso. Em Caicó, a devoção é mais acentuada. A gente percebe a dedicação das pessoas para a festa da padroeira.”, afirmou.

O evento se divide em duas vertentes: a parte sagrada e a parte profana. A primeira trata das atividades de cunho religioso, ligada diretamente às dioceses das cidades que realizam os festejos, com missas, novenas, batizados e procissões. Já a segunda diz respeito aos shows noturnos, aos encontros, feiras, bailes, dentre outras comemorações. “A festa também tem uma dinâmica social muito forte. Porque, além de revitalizar a fé, esse é o momento das pessoas comemorarem. É um encontro de famílias, de amigos”, ressaltou o pároco.

Nos últimos anos, as festividades de Nossa Senhora de Sant’Ana têm adquirido significado mais especial, uma vez que o interior nordestino passa por uma das piores secas dos últimos tempos. E na região do Seridó não é diferente, onde o risco de desabastecimento é constante em decorrência da estiagem. Assim como a lenda popular que deu início à devoção à santa, Padre Alcivan destaca que as celebrações têm atraído cada vez mais fieis, devido a busca da superação de adversidades que assolam o sertão. “É da alma do sertanejo apelar para os santos. Tenho percebido o aumento da fé dessas pessoas para superar esses momentos difíceis, como a seca”.

Caicó

Após a chegada dos peregrinos, a programação de missas, novenas e procissões tem início e seguem entre os dias 21 e 31 de julho na Catedral. Em paralelo, as atividades socioculturais seguem até o encerramento dos festejos, com a Festa dos Doces (20/07), Jantar de Sant’Ana (21/07), Cavalgada de Sant’Ana (24/07), Viagem Ciclística (24/07), Corrida de Sant’Ana (24/07), Feira de Sant’Ana (28/07) e Festival de Prêmios (31/07). Em todas as noites da festa, a Praça da Catedral recebe apresentações culturais do Projeto Letra e Música do Sesc.

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