Secretária de Parnamirim atribui sucateamento de escolas a “4 anos de desmandos”

O ano letivo nas escolas municipais de Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal, começou de maneira precária no último dia 6. Com relatos de falta de merenda e estrutura deficiente em várias unidades, estudantes ficaram sem aulas e o cenário é desanimador.

De acordo com a vereadora Fativan Alves (PSDB), que visita escolas do município há duas semanas para checar a situação, o estado é crítico. Segundo ela, o caso mais problemático é o da Escola Hélio Galvão, no bairro Vale do Sol.
Por lá, há registros de ventiladores quebrados, teto rachado e invasão por vândalos diariamente. Além disso, a escola passou a semana passada com abastecimento de água suspenso. “A cisterna estava quebrada. Inclusive, havia um tambor de lixo dentro”, descreve a vereadora.

Ainda nesta unidade, os relatos são de que há fiação elétrica aparente e que a quadra de esportes não apresenta garantias mínimas de segurança. “Se cair a estrutura, que está enferrujada, quem vai se responsabilizar?”, questiona a vereadora. As aulas estavam previstas para começarem na segunda-feira 6, mas não houve atividades na escola na semana que passou.

A falta de merenda é outro problema grave constatado pela tucana, que relatou a situação à equipe do Agora Jornal. Nas escolas Homero de Oliveira Dantas (Boa Esperança) e Neilza Gomes de Figueiredo (Jardim Planalto), segundo Fativan, não havia alimentos na semana passada. E mesmo que a merenda tivesse chegado às unidades, não havia gás para cozinhar as refeições dos alunos. Por causa disso, alunos foram liberados mais cedo ou sequer tiveram aulas.

Na Escola Municipal Senador Carlos Alberto, em Passagem de Areia, outro problema, além da falta de gás e estrutura precária, era a falta de diretor para coordenar os trabalhos. Somada a isso, a falta de lanche para os alunos – que são crianças dos Ensinos Fundamental I e II – ocasionou a liberação mais cedo nos dois turnos.

Outro problema detectado nas escolas municipais de Parnamirim é a falta de profissionais para auxiliarem os professores no cuidado com estudantes que tem necessidades especiais. Essa situação foi observada pela vereadora na Escola Jussier Santos, em Santa Tereza. “Lá, há três alunos deficientes físicos que estão sem ajudantes. Sobre a questão da merenda, estão aproveitando restos do ano passado”, denuncia.

Na Escola Francisca Bezerra, no bairro da Liberdade, onde há Ensino Infantil, as crianças de menor idade estão utilizando os mesmos banheiros das crianças maiores. “O espaço não foi preparado para receber essas crianças. O banheiro não pode ser o mesmo, tem que ser adaptado”, coloca Fativan.

Em Cajupiranga, na Escola Professor Edmo Pinheiro Pinto, a sala de computação não funciona e não há professores suficientes para a quantidade de turmas no período da tarde. De acordo com o que o Agora Jornal pôde apurar, são os coordenadores quem estão ministrando as aulas para não terem de liberar os alunos. Com relação à cozinha, além de não haver merenda, as freezers estavam em péssimo estado.

“Como pode a secretária assumir em janeiro, ter dois meses para realizar o planejamento, e a situação estar assim?”, questiona a vereadora, que fez um pronunciamento na Câmara Municipal na semana passada cobrando esclarecimentos da Secretaria Municipal de Educação e pedindo o início das aulas e a garantia mínima de estrutura para os alunos.

“Parnamirim viveu 4 anos de desmandos na educação”

Ouvida pela nossa reportagem, a secretária municipal de Educação, Francisca Henrique, reconheceu os problemas, mas afirmou que a administração municipal está empreendendo esforços para resolver a crise o quanto antes. Segundo Francisca, desde ontem, há merenda e gás em todas as unidades.

De acordo com a secretária, o problema aconteceu devido ao atraso no pagamento dos fornecedores de alimentos para a Prefeitura. “A dívida é enorme. O que está acontecendo agora é que o prefeito está pagando à vista a merenda para as escolas e negociando o débito existente do ano passado”, relatou. O novo contrato realizado com os fornecedores é válido por dois meses. Por isso, segundo Francisca, é que a quantidade de alimentos disponíveis nas escolas ainda é pouco.

Sobre a estrutura das escolas, Francisca afirmou que a Prefeitura já está promovendo reparos nas que estão num estado mais crítico. “Foram quatro anos da administração passada de desmandos e descuidos. Falta mobiliário, ventilador, falta tudo. É verdade. Há dívidas com fornecedores e se deve água, luz e gás. O que eu acho é que não houve falta de dinheiro, mas sim mau gerenciamento dos recursos. No entanto, estamos atentos e arrumando a casa”, desabafou.

Em relação às escolas que estão sem diretor, a secretária afirmou que nesta terça-feira 14 foi elaborada uma lista de diretores para nomeação por parte do prefeito Rosano Taveira (PRB). “Alguns diretores que estavam no comando estavam sofrendo rejeição da comunidade e dos professores”, revelou.

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