Policiais do RJ invadem Alerj em protesto contra cortes do Estado
Policiais civis e militares do Rio de Janeiro, além de integrantes do Corpo de Bombeiros e agentes penitenciários e do Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas), invadiram a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) durante manifestação contra o pacote de medidas de austeridade proposto pelo Governo do Estado nesta terça-feira (8).
Cerca de 200 manifestantes entraram sem encontrar resistência –apenas sete policiais militares guardavam a entrada do edifício, mas não houve confronto. Aos gritos de “a casa é nossa”, os servidores entraram no plenário da Casa e agora devem decidir o futuro da manifestação. Por volta das 15h a polícia fechou as entradas do prédio, impedindo a entrada e saída de manifestantes.
Eles se mobilizaram contra o plano enviado ao Legislativo estadual na última sexta (4) –composto de 22 de projetos de lei, entre eles iniciativas impopulares como a elevação da contribuição previdenciária de servidores ativos, inativos e pensionistas para 30% dos salários.
O grupo pleiteia desde o arquivamento das propostas ao impeachment do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e à intervenção federal no Estado. Os servidores públicos falaram também na possibilidade de deflagrarem greve caso as medidas sejam aprovadas pela Alerj.
“Cada um de nós é um Tiranossauro rex. Não vai ter essa história de pacificação. Se mexer no meu salário, vai dar ruim”, disse um policial militar, do alto de um carro de som, ouvindo aplausos e gritos. “Quem encara bandido de fuzil não tem medo de bandido de terno”, completou outro, também ovacionado.
A segurança da Alerj pediu reforço de policiais do Batalhão de Choque para reforçar o trabalho de dezenas de policiais militares que faziam a segurança e impediam a entrada dos manifestantes no Palácio Tiradentes. Os participantes do ato se dirigiram aos colegas em serviço dizendo que não haveria “guerra” e que eles deveriam “virar de costas”. O comandante de um grupamento foi visto pedindo calma aos colegas que protestavam.
Em outra fala do carro de som, um manifestante declarou que “se sacanearem a polícia, não vai ter Réveillon”. Outro chamou o ato de “queda da Bastilha moderna”, em referência ao marco histórico da Revolução Francesa, em 1789. Participantes do protesto exibiam faixas com frases como “servidores não pagarão o pato” e “juntos somos fortes: policiais e bombeiros sem respeito = Rio sem segurança”.
Viúva de um policial militar, a pensionista Patrícia Navega, 42, levou um banner com a foto e um pedido de “socorro” ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. “O Governo do RJ quer matar a Segurança Pública com o pacote da maldade! Não vamos pagar a conta de um governo incompetente! Basta de covardia e impunidade! Impeachment já!”, dizia o cartaz.
“Estamos sendo humilhados. A pensão está atrasando há meses e já estou com várias restrições no CPF. A gente vive na instabilidade, pagando contas com juros”, disse Patrícia, que disse que precisar “de um juiz que faça uma ‘lava-jato’ nesse governo imundo”.
Via UOL