Na hora do sofrimento, Galvão voltou a ser Galvão
Nas três primeiras partidas da seleção brasileira, Galvão Bueno adotou tom mais discreto que em Copas anteriores (com exceção aos momentos de brilho do “menino Neymarrrrrrr…”). Mas quando as oitavas começaram e o Chile encurralou a seleção brasileira no Mineirão, o narrador da Rede Globo se exaltou e cometeu gafes como nos bons e velhos tempos. Logo no início da partida, Galvão Bueno deu uma de suas tradicionais avaliações ao dizer que Hulk vinha fazendo uma partida excepcional, minutos antes de o atacante falhar no gol do Chile.
O narrador, inclusive, omitiu que Hulk errou na jogada e, não fosse por um comentário de Casagrande, o autor do passe errado não seria identificado na transmissão.
Na medida em que o jogo ficava tenso, Galvão virou só torcedor. Em dois lances controversos envolvendo Hulk, Galvão Bueno viu pênalti não marcado pelo inglês Howard Webb. “Arbitragem desastrosa, ele prejudicou o Brasil em dois lances.” O comentarista de arbitragem Arnaldo César Coelho teve a mesma impressão, mas foi um pouco mais moderado. “É difícil afirmar se a bola bateu na mão ou no peito de Hulk.”
Galvão Bueno sempre teve o hábito de dizer o que os jogadores devem fazer em campo, mas, no segundo tempo, estava especialmente inspirado. “Não pode parar para ficar pedindo impedimento”, falou em crítica a Thiago Silva e David Luiz, dois dos zagueiros mais respeitados da Europa. “Tem de botar medo neles”, foi a frase repetida a cada investida do ataque brasileiro.
Com Galvão falante como sempre, o comentarista Ronaldo fez intervenções curtas e pouco relevantes. E só surpreendeu ao criticar Neymar, o principal cliente de sua agência de marketing esportivo. “Curioso, o Neymar não tocou na bola no segundo tempo.” Na prorrogação da partida, Galvão abusou do bordão “haja coração” e não economizou nas críticas à postura assustada da seleção. E no fim encheu a bola do goleiro Júlio César, principal personagem da partida.