De pai para filho, as “capitanias hereditárias” do Congresso

Levantamento da Revista Congresso em Foco revela que pelo menos 378 parlamentares têm laços familiares com outros políticos, de menor ou maior envergadura. Entre eles, ao menos 69 são de 33 famílias que ocupam, ao mesmo tempo, mais de uma cadeira na Câmara e no Senado. São pais, filhos, casais, tios, sobrinhos, primos, cunhados, e até ex-cônjuges unidos pelo exercício do mandato. Filho do ex-deputado e ex-prefeito Cesar Maia (DEM-RN), Rodrigo Maia é primo do deputado Felipe Maia (DEM-RN) e do senador José Agripino Maia (DEM-RN), pai e filho.

Dia dos Pais

Nas comemorações deste domingo (13), Dia dos Pais, pelo menos 12 parlamentares serão presenteados por colegas que são, também, seus filhos. É o caso dos senadores Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Benedito de Lira (PP-AL), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Fernando Coelho Bezerra (PSB-PE), Garibaldi Alves (PMDB-RN), João Alberto Souza (PMDB-MA), José Agripino e Vicentinho Alves (PSD-TO). Pais, respectivamente, dos deputados Valadares Filho (PSB-SE), Arthur Lira (PP-AL), Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), Fernando Coelho Filho (PSB-PE) – atual ministro de Minas e Energia – , Walter Alves (PMDB-RN), João Marcelo Souza (PMDB-MA), Felipe Maia e Vicentinho Junior (PSD-TO). As informações são de Edson Sardinha, do Congresso Em Foco.

Benedito e Arthur Lira têm algo mais em comum: os dois estão entre os investigados da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). O filho, que é líder do PP na Câmara, e o pai, que era líder até o ano passado e agora é vice-líder no Senado, são acusados de receber propina do esquema de corrupção na Petrobras. Arthur já foi denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República pelo crime de corrupção. Uma das denúncias também envolve Benedito. Mas os ministros do Supremo ainda não examinaram o pedido de Rodrigo Janot.

O cientista político Ricardo Costa Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), observa que, em vez de diminuir, a influência do parentesco na política, herança da colonização portuguesa, tem crescido no país, principalmente por causa do encarecimento das campanhas eleitorais.

“A política é cada vez mais um negócio de família no Brasil. As eleições estão cada vez mais caras. Muitos políticos bem sucedidos têm de organizar e  possuir uma estrutura de dinheiro, uma estrutura familiar política para beneficiá-los. Os candidatos mais fortes e com boas condições de elegibilidade concentram mais dinheiro e muitas vezes contam com a família na política. Isso é um fenômeno também de reprodução do poder político”, explica o professor.

Nesse ciclo vicioso, sobra pouco espaço para renovação de nomes e ideias. “No atual sistema político, só se elege quem é profissional, quem tem muito dinheiro, quem tem muita estrutura. Quem é amador,  político novo, só com suas idéias, não consegue se eleger de primeira vez, ressalvadas as exceções. Somos uma república de famílias”, avalia o professor, que estuda o tema há mais de 20 anos. Esse tipo de relação não se restringe ao Congresso e à política.

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