Pesquisa descobre que a convivência social afeta a saúde mental dos idosos

 

Uma pesquisa sobre qualidade de vida e depressão em idosos descobriu que a convivência social pode afetar o bem-estar dessas pessoas. Na sua tese de doutorado, Bruno Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRN), aborda temas como saúde mental e depressão em idosos.

 

O estudo desenvolveu e testou a efetividade de uma intervenção educativa com várias dimensões para melhorar a qualidade de vida e reduzir sintomas depressivos em idosos atendidos na atenção primária à saúde. Com os resultados obtidos, profissionais da saúde podem conhecer melhor os cenários estudados e compreender o que afeta o conforto, a saúde psicológica e a realidade socioeconômica dos idosos.

 

De acordo com a tese, intitulada Qualidade de vida e sintomas depressivos em idosos da atenção primária à saúde: estudo de intervenção e comparativo no Brasil e em Portugal, o acompanhamento do indivíduo e o estabelecimento de um vínculo de confiança entre a equipe que cuida do idoso e o paciente são fundamentais para sua saúde mental. Essa afinidade deve ser efetuada, inclusive, em comunidades em que é observada a falta de condição para impor hábitos saudáveis, prevenção e tratamento de doenças. Sendo assim, a melhor forma para isso é a Atenção Primária à Saúde (APS), que é representada por profissionais que atuam diariamente em contato direto com essas pessoas.

 

Para realizar a pesquisa, foram usados dois métodos. O primeiro foi uma análise longitudinal, que testou o impacto de intervenções multidimensionais aplicadas a idosos brasileiros e ligadas à Atenção Primária à Saúde. O segundo foi um estudo observacional, comparando a associação e o risco da depressão sobre os aspectos da qualidade de vida entre idosos usuários da APS residentes no Brasil e em Portugal.

 

Bruno explica que seu objetivo era o de observar as fragilidades envolvendo a comunidade mais velha. “Pesquisei sobre a condição socioeconômica dentro de Natal e analisei como as intervenções iam afetar o contexto da saúde dessas pessoas. Elas tiveram uma melhora dos aspectos de qualidade de vida, tanto na questão mental quanto emocional e física”, declara o pesquisador. Para isso, os participantes foram pareados para o Grupo Intervenção (GI), sendo criadas combinações e perfis, estabelecendo características de gênero, faixa etária, estado civil, escolaridade e renda familiar. De acordo com o perfil estabelecido para a primeira equipe, também foram atribuídas características para o Grupo Controle (GC). Depois, para cada representante de código no GI, deveria haver pelo menos um participante com o mesmo código no GC, constituindo, assim, o pareamento entre os grupos.

 

De acordo com Bruno Dantas, atualmente há uma intensidade dos sintomas de distúrbios mentais, inclusive a depressão em idosos, e as ferramentas usadas para o desenvolvimento de sua investigação podem facilitar o diagnóstico desses casos. “O impacto dessa pesquisa está voltado para a execução de uma política de saúde com intervenções como o contato social. Esse diagnóstico possibilita planejar medidas assertivas para a implementação dessas políticas”, completa Dantas.

 

Como método de pesquisa, foram usados questionários para dados demográficos no intuito de coletar informações como a idade, gênero, estado civil, renda familiar e nível escolar; o Medical Outcomes Short-Form Health Survey, um instrumento de avaliação genérica de saúde com questões claras e objetivas sobre as percepções do participante sobre saúde, limitações físicas e emocionais e expectativas sobre sua saúde; a Escala de Depressão Geriátrica de 30 itens, utilizada em pesquisas com idosos com perguntas objetivas sobre sintomas depressivos, gerando um escore que pode ser utilizado para classificar a presença e a gravidade da depressão geriátrica; e o Miniexame de Estado Mental (MEEM), exclusivo para avaliar a função cognitiva.

 

Durante os testes, sete tipos de intervenções foram realizadas na expectativa de ver qual era o mais eficaz para alcançar melhorias na qualidade de vida do grupo estudado. As interferências eram simulação realística de supermercado; abordagem nutricional e hábitos alimentares; tecnologia de manuseio e interação social; exercícios e atividades físicas acessíveis; gamificação de hábitos alimentares; pesquisa de alimentos online e tecnologia para entretenimento.

 

No segundo estudo, foi analisado um comparativo entre o Brasil e Portugal em relação aos idosos. A análise observacional trouxe resultados quantitativos para comparação. Para realizá-la, foram utilizados questionários com dados socioeconômicos e de saúde. Nessa etapa da investigação, foi possível ver que há uma presença maior de mulheres entre 65 e 80 anos em ambos os países, mas há uma diferença de renda, e isso leva a que os idosos de Portugal tenham mais qualidade de vida.

 

Como resultado, constatou-se que as intervenções aplicadas no primeiro momento demonstram um desfecho favorável no Grupo Intervenção em comparação ao Grupo Controle. É possível ver uma redução dos sintomas depressivos e uma melhora na saúde mental, estado geral e saúde física dos participantes do GI. No segundo instante, destaca-se a associação, correlação e risco entre a depressão e os aspectos relacionados com questões emocionais, físicas, funcionais e de saúde mental. Os dados se mostraram mais expressivos em Portugal em comparação ao Brasil.

 

O autor da tese, Bruno Dantas, diz que pensa em realizar novas pesquisas relacionadas ao assunto e que teve muita motivação com os resultados obtidos durante o estudo. Ele afirma que é importante pesquisar e garantir respostas para o avanço científico.

 

Com informações da UFRN

 

Compartilhe aqui:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*