Papa Francisco doa papamóvel para transformar em clínica de saúde para as crianças de Gaza
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O Vaticano revelou neste domingo (4) que um dos papamóveis do papa Francisco vai ser enviado para a Faixa de Gaza para se transformar em uma clínica de saúde móvel para crianças na região, realizando um de seus últimos desejos.
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O veículo escolhido foi o que o pontífice escolheu durante sua visita à Jerusalém e Cisjordânia em 2014. Ele está sendo equipado com equipamentos médicos de diagnóstico e emergência para ajudar pacientes jovens no enclave palestino, onde os serviços de saúde estão mais precários após bombardeios israelenses, segundo entidades internacionais.
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‘Esta é uma intervenção concreta e capaz de salvar vidas em um momento em que o sistema de saúde em Gaza entrou em colapso quase completamente’, afirmou Peter Brune, secretário-geral da Caritas Suécia, que está apoiando o projeto, ao Vatican News.
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Entre os equipamentos na qual estará levando o papamóvel estão testes rápidos de infecção, vacinas, ferramentas de diagnóstico e kits de sutura. Além disso, uma equipe médica irá junto.
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A chegada do papamóvel, entretanto, não será tão simples, já que depende de uma viabilidade na região. Assim que o acesso humanitário em Gaza for possível, ele entrará levando os profissionais e equipamentos.
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‘Não é apenas um veículo. É uma mensagem de que o mundo não se esqueceu das crianças em Gaza’, completou Brune.
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Papa planejava visitar Gaza
Em um artigo publicado no jornal diário do Vaticano Osservatore Romano, o jornalista Lucio Brunelli, que trabalha há anos cobrindo os papas, revelou que o papa Francisco planejava viajar para Faixa de Gaza e visitar a paróquia da Sagrada Família, o único local de culto católico na região. Ele confidenciou o projeto em janeiro, mesmo já sofrendo de bronquite.
Francisco ligava todas as noites para a Igreja local desde o início da intervenção israelense em Gaza. Mesmo com dificuldades na voz, ele seguiu nas ligações diárias perguntando como estava a situação. Ele teria ligado 563 vezes.
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Segundo Brunelli, que é amigo do papa desde quando era cardeal em Buenos Aires, houve uma conversa entre os dois em que Francisco afirmou que gostaria de fazer a viagem. Ele escreveu:
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‘Seria uma coisa boa. Falarei com o Secretário de Estado para investigar o assunto’, afirmou.
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Para além de ajudar a paróquia em Gaza, o papa também tinha um objetivo pacifista: tentar sensibilizar o mundo ainda mais para o conflito entre Israel e Hamas.
‘A imagem do Papa, numa cadeira de rodas, entre os escombros da guerra teria sido uma poderosa mensagem de proximidade a toda a população palestina’, escreve o jornalista.
Lucio Brunelli completa afirmando que acredita que a viagem teria sido ‘impossível’ por conta de razões políticas. E ele acredita que a piora no estado de saúde poucos dias depois, quando foi hospitalizado por conta da bronquite, bloqueou qualquer continuidade nos planos.
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Ao longo de sua trajetória na Igreja, o papa Francisco esteve em diversos conflitos para rezar pela paz, como em Bagdá em 2021. Dois anos depois tentou visitar a região de Nord-Kivu, na República Democrática do Congo, que estava em conflito, mas foi impedido devido a segurança. Além disso, chegou a dizer em diversas ocasiões o desejo de ir até Kiev em meio a guerra entre Ucrânia e Rússia. No entanto, isso acabou nunca ocorrendo.
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