Mutirão de Comunicação: conferências de sábado abordam a comunicação integral e sua influência em tempos de desigualdade

 

A parte do início da tarde do sábado, no Mutirão de Comunicação, foi dedicada às conferências. A primeira delas com o título “Comunicação para o bem viver em tempo de máxima desigualdade” foi proferida pela professora e doutora Viviane Mosé.

 

Na ocasião, ela comentou sobre os desafios enfrentados pela sociedade hoje, principalmente para se comunicar. “Para falarmos sobre comunicação não podemos fugir da visão dura e difícil. Temos que ter consciência sobre o processo que estamos enfrentando, que é a possibilidade da extinção da vida humana no planeta Terra”.

 

Viviane afirmou que vivemos em uma sociedade exaurida. “Temos uma exaustão ambiental. Somos uma sociedade pandêmica, estamos vivendo uma e viveremos outras. Nossa relação com a Terra e o ambiente fez com que nos tornássemos hospedeiros de vírus”.

 

A professora falou sobre o primeiro conceito que todos devem trabalhar em comunicação: enxergar que o ser humano não faz parte da natureza, ele é a natureza.

 

Viviane considera que o maior desafio da comunicação hoje não é usar técnicas para se comunicar, mas fazer o resgate da existência, do valor da vida -, que não está vinculado “a compras, produtos, serviços”.

 

A professora considera que vivemos em uma guerra de forças. “É no domínio da informação que a guerra se instala. Estamos falando com pessoas que trabalham com comunicação e que têm que lutar para dar alguma informação”, disse.

 

Viviane afirmou que há uma guerra horizontalizada por poder e que ela está presente também na comunicação.  Salientou ainda que se quisermos comunicar algo devemos partir de alguns pontos fundamentais de nossa existência.

 

“Nossa ação política é comunicar, mas precisamos comunicar eixos. A dica que eu dou é que cada setor, cada órgão, cada ano, seja ordenado por uma criação de um universo de valores. É preciso refazer esse universo. Precisamos criar valores para estabelecer caminhos”, indicou.

 

Viviane disse, ainda, que é necessário ordenar pontos para se comunicar. “Precisamos estabelecer limites e direções. Comunicar deve ser comunicar o processo e não a ponta”, disse.

 

A professora salientou algumas ações que podem ser feitas para fortalecer a comunicação. “Precisamos entender que estamos em uma guerra de informação. Entender quem somos, quais são os valores trabalhados; precisamos nos organizar em um grande corpo para estabelecer eixos; comunicar em rede”, disse.

 

Para Viviane é fundamental a participação da Igreja no atual momento e que seja feito o resgate dos valores mínimos em comum, porque “a tendência do mundo é a desintegração. Precisamos de integração. É preciso ordenar a comunicação em princípios”, finalizou.

 

Utopias do mundo integral – A segunda conferência da tarde foi sobre “Utopias do mundo integral”, com o professor e doutor Carlos Ferraro, também Presidente de Signis ALC – Argentina.

 

O professor apresentou uma reflexão sobre o conceito de utopia. “Felizmente há uma comunhão de ideias sobre o que é utopia”, disse.

 

Para construir uma utopia, segundo o professor, é necessário criar uma lógica, uma nova maneira de pensar. “Sem perspectivas de ação e reflexão não há utopia”, disse.

 

Carlos Ferraro citou também partes da Encíclica Fratelli Tutti, do Papa Francisco, onde argumenta que o pontífice é utópico e traz um bom diagnóstico do funcionamento do mundo atual, crítico e pró-ativo.

 

 

Segundo Carlos, o Papa Francisco traz um grande projeto de paradigmas também na Laudato Si.

 

“A Laudato Si traz um novo paradigma: o da Ecologia Integral, onde articula as relações fundamentais da pessoa humana consigo mesma”, disse.

 

 

O professor também explicou sobre a utopia do bem viver. De acordo com ele, o termo se define como um paradigma legitimado que busca dialogar encontrando e ampliando a noção de sociedade e de Estado para a presença viva de visões de mundo da vida comunitária em harmonia.

 

Outro tipo de utopia citado por Carlos é a Educomunicação, conjunto de ações que um grupo de pessoas desenvolve intencionalmente para promover ecossistemas abertos, francos, democráticos e participativos.

 

Carlos disse que uma grande preocupação que todos devem ter é como manter os princípios utópicos da edocomunicação na nova cultura digital. Na ocasião, tratou sobre os conceitos de Big Data, inteligência artificial e inteligência biológica. “Essa nova cultura digital incorpora valores que até antes não tínhamos. Há uma variedade de formatos, de tecnologias, de simbologias”, disse.

 

Por fim, o professor concluiu que é importante instalar o conceito de Utopia. “Sem utopia não há vida”, disse.

 

Influenciadores ou influenciados – A terceira conferência da tarde foi com a professora e doutora Elizabeth Saad, com a temática Comunicação integral: influenciadores ou influenciados?”.

 

Elizabeth começou sua apresentação falando sobre o cenário de influência. “É um cenário de disputa de protagonismos e poderes sustentados pelas facilidades dos ambientes digitais e é nele que encontram-se os influenciadores”, disse.

 

Na sequência, a professora utilizou pesquisas que comprovam quais são as plataformas de mídias sociais mais utilizadas no mundo. “É de se considerar que todo todo esse conjunto de plataformas sociais estimula processos que geram algum tipo de impacto nos sujeitos que frequentam esses ambientes”, afirmou.

 

Visibilidade x Influência – Conforme Elizabeth, tanto visibilidade como influência são conceitos históricos. “O que mudou foram as ferramentas de visibilização, imagens, conteúdos”.

 

A professora explicou que visibilidade não é o que é visto, mas aquilo que se torna possível ver. “Para ser visto hoje as pessoas utilizam certas plataformas”, explicou.

 

Essa visibilidade, de acordo com ela, pode estar organizada em dois tipos de se estar visível: seja uma visibilidade midiática (Tvs, cinema)  ou por meio de mídias digitais multidirecionais.

 

Elizabeth disse que ser visível não significa ser influente.  “O primeiro ponto da visibilidade é falar sobre selfie. As selfieis são frutos dessa visibilidade atual. A selfie sozinha não configura um influenciador”.

 

O segundo ponto abordado pela professora foram as celebridades. “As celebridades passaram a ser pontos de referência, o que os tornam influenciadores. São pessoas que mudam a opinião de seus grupos a partir de suas visões”, abordou.

 

Os influenciadores, segundo a professora, são fruto da cultura popular, figuras aspiracionais e que desempenham papel importante na discussão de determinados assuntos. Por fim, a professora também explicou sobre os tipos de influenciadores.

 

O final da tarde no Mutirão seguirá com um momento de perguntas dos participantes aos palestrantes; anúncio dos finalistas dos Prêmios de Comunicação (confira quem são) e a missa de encerramento do encontro:

 

 

 

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