“Ele amou-nos a todos”. Entre presidentes e reis, pobres em lugar de destaque no funeral do Papa Francisco

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A “insistência” do papa Francisco em trabalhar pelos pobres foi incorporada aos eventos fúnebres deste sábado (26), com grupos de pessoas carentes convidados a assistir ao culto na Praça de São Pedro, no Vaticano.

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Os convidados foram escolhidos pela instituição de caridade Sant’Egidio e representavam grupos que Francisco considerava marginalizados.

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Parte das pessoas marginalizadas também foi convidada a se alinhar nos degraus do local de descanso final, a Basílica de Santa Maria Maggiore, no final do cortejo fúnebre.

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Entre líderes políticos, monarcas e religiosos de todo o mundo, o funeral do Papa contou com outros convidados especiais: os necessitados.

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Com rosas brancas

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Um grupo de pessoas pobres e marginalizados aguardou o caixão de Francisco junto à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

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Segurando rosas brancas, migrantes, reclusos e pessoas sem-abrigo e transgénero fizeram uma guarda de honra na escadaria da basílica que será a última morada de Francisco, o Papa das “periferias”.

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O Papa Francisco levou-nos de autocarro ao Vaticano e ajudou-nos. Ele amou-nos a todos“, disse ao jornal jornal “Corriere della Sera” Tamara, que como Francisco é natural da Argentina.

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Francisco conheceu Tamara quando esta ainda vivia na rua e se prostituía para sobreviver. “O Papa não nos julgava. Ele ajudava-nos“, sublinha.

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Antonino Siracusa, ex-sem-abrigo que também estava nas escadarias da Basílica de Santa Maria Maior com uma rosa branca na mão, diz que com Francisco aprendeu que não podemos entrar em desespero, porque todos podem cair em situações difíceis na vida.

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Ajudaram-me na Comunidade de Santo Egídio, já não me sinto sozinho. Então, também comecei a ajudar outros“, conta Antonino Siracusa.

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O papa argentino acreditava que “os pobres têm um lugar privilegiado no coração de Deus”, segundo comunicado da Santa Sé emitido antes do funeral.

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Francisco, que escolheu seu nome em homenagem a São Francisco de Assis, com seu compromisso com a pobreza, a paz e a natureza, queria refletir sua própria dedicação aos desabrigados e desfavorecidos.

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O papa Francisco fez tanto por pessoas como eu, pessoas que estão passando por dificuldades, pessoas que não conseguem nem pagar para lavar suas roupas”, disse Anna Melnyk, uma ucraniana de 30 anos que veio para Roma antes da guerra.

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Melnyk costumava usar uma lavanderia que o falecido papa havia criado para pessoas necessitadas. “Ele nos fez sentir parte de sua família, especialmente aqueles de nós que não temos família”, disse à CNN.

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Florian Gretz, de 66 anos, que acampa perto do Vaticano há vários anos, contou a vez em que o Papa Francisco convidou moradores de rua para jantar na Sala Paulo VI do Vaticano em 2023. “Ele nos tratou com respeito e dignidade, sentamos à mesa e comemos com talheres”, disse Gretz. “Será que o próximo papa fará isso?”, questionou.

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Jornal Corriere della Sera e CNN

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