Cardeal Orani Tempesta: mensagem para Quarta-feira de cinzas e Quaresma

Cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, antes da Quaresma de 2014, enviou uma mensagem para os fiéis na quarta-feira de cinzas que continua atual e oportuna. Leia a mensagem.

A Quarta-feira de Cinzas representa o primeiro dia da Quaresma no calendário gregoriano, podendo também ser designada por Dia das Cinzas, pois, é uma data de muito significado para a comunidade cristã. A data é um símbolo do dever da conversão e da mudança de vida, para recordar a passageira fragilidade da vida humana, sujeita à morte. Coincide com o dia seguinte à terça-feira de carnaval e é o primeiro dos 40 dias (Quaresma).

O tempo da Quaresma é tempo privilegiado na vida da Igreja. É o chamado tempo forte, de conversão e de mudança de vida. Sua palavra-chave é: “metanóia”, ou seja, conversão. Nesse tempo se registram os grandes exercícios quaresmais: a prática da caridade e as obras de misericórdia. O jejum, a esmola e a oração são exercícios bíblicos até hoje recomendáveis, na imitação da espiritualidade judaica […].

A origem deste nome é puramente religiosa. Neste dia, é celebrada a tradicional Missa das Cinzas. As Cinzas utilizadas neste ritual provêm da queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. A estas Cinzas, mistura-se água benta. De acordo com a tradição, o presidente desta cerimônia utiliza essas cinzas úmidas para sinalizar uma cruz na fronte de cada fiel, proferindo a frase: “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” ou a frase “Convertei-vos e crede no Evangelho”.

Na Quarta-feira de Cinzas (e na sexta-feira Santa) à Igreja Católica preceitua os fiéis a fazerem jejum e a não comerem carne. Esta tradição já existe há muitos anos e tem como propósito fazer com que os fiéis tomem parte do Sacrifício de Jesus.

Além destas manifestações de penitência (a abstinência de carne a partir dos 14 anos e o jejum entre os 18 e os 59 completos), que nos aproximam do Senhor e dão à alma uma alegria especial, a Igreja pede-nos também que pratiquemos a esmola que, oferecida com um coração misericordioso, deseja levar um pouco de consolo aos que passam por privações ou contribuir conforme as possibilidades de cada um para uma obra apostólica em bem das almas. O tema da pobreza é a mensagem do Papa Francisco para esta quaresma: “Fez-se pobre para nos enriquecer”.

O Senhor quer que nos desapeguemos das coisas da terra para que possamos dirigir-nos a Ele, e que nos afastemos do pecado, que envelhece e mata, e retornemos à fonte da Vida e da alegria: O próprio Jesus Cristo é a graça mais sublime de toda a Quaresma. É Ele quem se apresenta diante de nós na simplicidade admirável do Evangelho.

Dirigir o coração a Deus, converter-se, significa estarmos dispostos a empregar todos os meios para viver como Ele espera que vivamos, a não tentar servir a dois senhores, a afastar da vida qualquer de pecado deliberado. Jesus procura em nós um coração contrito, conhecedor das suas faltas e pecados e disposto a eliminá-los. O Senhor deseja uma dor sincera dos pecados, que se manifestará antes de tudo na Confissão sacramental: converter-se quer dizer para nós procurar novamente o perdão e a força de Deus no sacramento da reconciliação e assim recomeçar sempre, avançar diariamente.

Em Cristo encontramos sempre o remédio para uma possível tibieza e as forças para vencer defeitos que de outro modo seriam insuperáveis. Quando alguém diz: sou irremediavelmente preguiçoso, não sou tenaz, não consigo terminar as coisas que começo, deveria pensar (hoje): não estou tão perto de Cristo como deveria.

Portanto, para os que estão dominados pelo pessimismo, pensando que os seus defeitos não têm remédio, saibam que chegou o tempo favorável. Começa a Quaresma; vamos encará-la como um tempo de mudança e de esperança. Por isso, desejo a todos uma abençoada e santa Quaresma!!!

† Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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